Esta publicação apresenta profissionais de entidades associadas à ABRACAM e colaboradores da associação, para que a comunidade se conheça melhor e troque experiências. O convidado deste mês é José Clovis Rodrigues da Rocha, Diretor Executivo da Treviso Corretora. Confira a entrevista abaixo.
Como foi sua chegada ao mercado de câmbio?
Cheguei ao mercado de câmbio em 1978, após ser dispensado do serviço militar obrigatório por excesso de contingente. Sei que foi uma dispensa agilizada por minha condição de “arrimo de família”, cuidando de mãe e quatro irmãos.
Após passar pelo processo seletivo do Banco de Crédito Nacional (BCN), o RH me disse: “Você foi aprovado, porém, a única vaga disponível é no câmbio”. Pensei que seria fácil para quem já trabalhava desde os 12 anos de idade em uma empresa de transporte interestadual de passageiros. Naturalmente eu estava familiarizado com a manutenção dos ônibus e sabia que, depois do motor, o “câmbio” era peça fundamental. Foi um ótimo começo e guardo boas recordações.
Qual foi sua trajetória no mercado de câmbio?
Fiquei no BCN até 1984. Depois cheguei a Gerente Sênior no Banco Noroeste, onde trabalhei durante 13 anos, até 1997. Nos 10 anos seguintes, passei por Banco BMC, Alexander Forbes e Banco Santos, com foco em Controles. Mais tarde, fui Superintendente de BackOffice do Banco BVA até 2011, quando me juntei à Treviso. Entre 2015 e 2018, estive com o Banco Confidence (atual Travelex). Em 2018, retornei à Treviso, onde até hoje atuo como Diretor Executivo Estatutário.
Quem foi seu grande mentor profissional?
Durante essa trajetória de 44 anos no mercado de câmbio, foram muitos e preocupa-me ser injusto com tantos profissionais que contribuíram para minha formação. Porém, vou citar meu amigo Antonio Chinellato Neto, que conheci no BCN e de lá avançou para a gestão do Bradesco. Hoje é sócio da ACN Consulting.
Com a permissão dos demais, não posso deixar de reconhecer meu mentor sênior, Arthur Sabadin, que me acompanha durante toda a trajetória e com quem tive o prazer de trabalhar em duas instituições. Ele extrapolou a condição de colega de trabalho e tem minha consideração como verdadeiro irmão. É economista e profundo conhecedor das relações internacionais no mercado financeiro global.
Qual foi o momento mais desafiador da sua carreira?
Quanto mais avançamos, mais desafios surgem e somos impulsionados. Um dos momentos desafiadores foi o convite do Banco BMC para a priori ser Gerente Geral da agência offshore do BMC em Georgetown, Grand Cayman. Subitamente a agência entrou em uma auditoria ampla visando a desativação da presença física, mas sem descontinuar a atividade, o atendimento aos clientes e o crescente volume de captações para subsidiar o comércio exterior do Brasil. O staff local foi dispensado e foram encerrados os contratos de locação imobiliária. Promovemos a reestruturação dos processos junto aos bancos parceiros e à autoridade monetária local. Os ativos imobilizados (carro, máquinas e equipamentos) foram precificados, colocados à venda, negociados e entregues. Passados seis meses, retornei ao Brasil e organizei a continuidade da atividade com estruturação da equipe. Foi um período desafiador, mas cercado de êxito e, portanto, muito gratificante.
Pode falar de uma grande alegria ou conquista profissional?
Papai esteve ausente em grande parte da minha vida, mas me ensinou que, além da família, o maior patrimônio de uma pessoa é seu caráter e reputação. Posso então afirmar com alegria que a maior conquista profissional é o respeito e consideração dos meus colegas, em todos os níveis, estágios e realidades vividas nesse mercado de câmbio.
Como você descreveria o momento atual na Treviso?
Em uma palavra: inspirador. Indo além, é um momento de extrema responsabilidade e a condição de estatutário representa verdadeira entrega e permanente comprometimento com o conhecimento e a conformidade em todas as etapas do processo operacional da corretora. Para ilustrar meu momento atual na Treviso, deixo aqui o registro da conquista do Selo de Conformidade ABRACAM, ciclo 2022, obtido após rigoroso processo de revisão conduzido pela EY, precedido por semelhante revisão conduzida pela Mazars em 2021.
Qual é seu conselho para quem está entrando agora no mercado de câmbio?
Está na moda dizer: seja resiliente. Mas olhando pelo retrovisor, o conselho que posso dar é que o verbo “amar”, ao ser conjugado, somente é verdadeiro e duradouro se a pessoa estiver pronta para amar sem esperar nada em troca.
Toda forma de amor deve ser incondicional e no mercado de câmbio não é diferente. Ou seja, dê tudo de si para conhecê-lo e nele se especializar. Não condicione sua entrega, dedicação e empenho às perspectivas de alavancar cargo ou remuneração. Confie em si, invista no seu aprendizado, deixe-se envolver pelos desafios e cuidado com suas zonas de conforto.
O que você gosta de fazer nas horas de lazer?
Ler, ver filmes, estar com a família, amigos e com pessoas em geral. Há 20 anos me dedico à Igreja Católica como Ministro da Sagrada Comunhão. Apoio as santas missas, casamentos e batizados. Visito enfermos e pessoas impossibilitadas de ir à igreja.
Se tivesse outra profissão, qual seria?
Professor ou advogado.
Se pudesse morar em qualquer lugar do mundo, onde estaria?
Portugal ou Espanha.