Lucas Janone da CNN
Rio de Janeiro
26/05/2022 às 06:27 | Atualizado 26/05/2022 às 12:20
Queda foi observada nos primeiros 25 dias de maio em relação ao mesmo período de abril, aponta levantamento da Associação Brasileira de Câmbio (Abracam)
A procura de brasileiros por dólar registrou uma queda de 25% em maio, até esta quarta-feira (25), frente ao mesmo período de abril – mês com a maior demanda pela moeda norte-americana desde o início da pandemia de Covid-19.
A explicação: a alta do câmbio nas últimas semanas. Os dados são de um levantamento feito pela Associação Brasileira de Câmbio (Abracam) nesta quarta-feira (25), a pedido da CNN.
Principal motivo da queda no movimento nas casas de câmbio em maio, o preço do dólar chegou a ultrapassar R$ 5,15 na primeira semana do mês. Em contrapartida, em abril, foi possível comprar a moeda por até R$ 4,60. Atualmente, o dólar está em aproximadamente R$ 4,80.
De acordo com a presidente executiva da Abracam, Kelly Massaro, a queda na demanda pela moeda só não foi menor devido à proximidade com o mês de julho, período de férias escolares, em que as famílias costumam viajar para o exterior.
“Quando o custo do dólar começa a subir um pouco, como foi o caso no mês de maio, as pessoas param de comprar a moeda, recua um pouco o interesse, diferente do que aconteceu em abril. Mas acredito que a procura pelo dólar deva se restabelecer em um patamar mais alto, até porque a moeda voltou a cair e porque as férias de julho estão chegando”, contextualizou Kelly Massaro.
A alta no preço do dólar e, consequentemente, a menor procura entre os brasileiros estão diretamente ligadas ao arrefecimento da guerra entre Ucrânia e Rússia, que teve início há pouco mais de três meses. É o que avalia o coordenador do MBA em Gestão Financeira da FGV, Ricardo Teixeira.
Segundo ele, apesar de a situação na Ucrânia ser grave, por causa da invasão russa, o fato de não ter ocorrido agravamento da escalada de tensão no conflito proporciona estabilidade ao dólar, que deixa de ter motivos para alta.
O professor ainda destaca que, embora a situação no leste europeu não esteja “calma”, a expectativa é que não aconteça uma escalada de tensões no curto prazo.
“A baixa procura do dólar se deve, provavelmente, pela redução da escalada da guerra na Ucrânia. A possibilidade da adesão de novos países no conflito ou a expectativa de utilização de armas nucleares diminuiu ao longo das últimas semanas. E isso, de certa forma, reduz a pressão internacional sobre o dólar”, ressaltou Teixeira.
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